A
doutrina da criação do homem apresenta em seus ensinamentos pela Palavra de Deus, verdades
absolutas acerca da criação e do papel que o homem representa nos propósitos
divino. O homem foi criado por Deus para adorá-lo e servi-lo com a grande
responsabilidade de administrar e dominar as coisas criadas por Ele. Entendemos
com isso que o homem não foi criado para morte. Porém, a desobediência à voz de
Deus resultou numa trágica condenação, contaminando toda a humanidade,
destituindo completamente o homem da glória de Deus. Com o homem condenado à
morte e sem mérito algum, Deus em sua infinita misericórdia providenciou ao
mundo redenção eficaz e plena Salvação através de Jesus Cristo na cruz do
calvário.
A CRIAÇÃO DO
HOMEM E O PROPÓSITO DIVINO
Como o homem foi criado? A
Bíblia nos mostra que Deus criou o homem do pó da terra, contudo, o sopro
divino em suas narinas concedeu-lhe vida, tornando-o alma vivente (Gn 2.7). Em
seguida, o Senhor Deus criou a mulher, tornando-a companheira de Adão (Gn
2.18,20-24). O homem foi criado de forma especial e peculiar, e, portanto, colocado
em uma posição privilegiada e acima de toda criação (Gn 1.26-28).
Qual o propósito divino na criação do
homem?
O homem é um ser racional criado por Deus, cuja principal missão é refletir a
glória do seu Criador. É a obra-prima das mãos divina, o ápice da criação,
criado para adorar ao Senhor (Dt 5.24; cf. Sl 96.7,8) e administrar as coisas
criadas por Deus (Gn 1.26-28; 2.15,19,20; cf. Sl 8.4-8).
Criado à imagem e semelhança de Deus. Imagem
e semelhança, não se referem à imagem física, pois Deus é espírito onipresente,
logo não se limita a um corpo físico (Jo 4.24). A imagem de Deus pertence a
nossa natureza moral-intelectual-espiritual, pois é algo que somos e não que
temos ou fazemos. A imagem de Deus ajuda-nos a cumprir exatamente todo o
propósito divino (Gn 1.26-28). Estes termos podem ser entendidos se levarmos em
conta, que o homem recebeu do Senhor todas as “condições” necessárias para
dominar a terra e conhecimento para governar de forma benéfica as demais
criaturas (Sl 8.5-8).
ELEMENTOS ESSÊNCIAIS DO SER HUMANO
Lendo a
Bíblia, é possível entender que o homem comporta em sua natureza duas partes
distintas, porém ligadas, a saber, material e imaterial (Ec 12.7; Jó 34.14,15).
Em Gn 2.7, lemos: “Então formou o Senhor
ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem
passou a ser alma vivente”. O Espírito do Senhor nos formou e a inspiração
do Todo-poderoso nos deu vida (Jó 33.4 cf. 32.8).
Corpo [Do hb. basar; do gr. sõma; do lat. corpus] –
É a estrutura física (parte material) do homem, oriundo do pó da terra. Todos
os seres vivos, incluindo plantas e animais podem ser descritos neste sentido em
termos de existência (Gn 1.21,24,30; 2.7).
Alma [Do gr. psyquê ; do lat. anima, ânimo, essência] – Em vários textos bíblicos, parece
inevitável a associação da alma com as emoções, pensamentos e sentimentos, tais
como: Alegria (Sl 35.9; Is 61.10); esperança (Sl 33.20); desejos (Is 26.8);
temor (At 2.43); intenções (Pv 13.4); tristeza (Mc 14.34; Sl 119.28);
impaciência (Zc 11.8); angústia (Jó 30.25; Sl 143.11); abatimento (Sl 42.6,11;
43.5). Contudo, em outros textos, a palavra “alma” não tem o significado
geralmente atribuído a ela, mas denota um ser vivo, descrevendo o homem
completo em essência (Gn 2.7). É usado para designar a vida, ou seja, a pessoa
em si (Gn 46.22). No antigo testamento, o termo primário usado pelos hebreus
era nephesh, que significa meramente “vida”, “pessoa”, “próprio-eu” (Gn
12.13; 17.14), entendendo isso, nephesh
hayyah (ser vivente) é aplicado tanto ao homem quanto aos animais.
Espírito [Do hb. ruach; do gr. pneuma; do lat. spiritus]
– Nas três línguas clássicas mencionadas, o termo “espírito” comporta o mesmo
sentido: Vento, sopro, fôlego ou
princípio de vida. Assim como a alma, o espírito é parte imaterial do
homem, sendo considerado também, o poder sublime e especial da parte do Senhor
nosso Deus, ou seja, consciência individual que firma o ser humano na dimensão
espiritual, ligando-o eternamente ao Criador (I Cor 2.10,11 cf. Pv 20.27; Jó
32.8; Zc 12.1).
OBSERVAÇÃO IMPORTANTE
Após analisarmos os elementos, como
explicar alguns textos onde alma e espírito parece ser uma única substância e
noutros textos temos a impressão de serem completamente diferentes? Se
atentarmos bem para o contexto, ou ainda, para o sentido poético do texto, será
óbvia a nossa compreensão, na medida em que verificamos que muitas palavras
possuem a mesma conotação e sentido, por exemplo: Alma, espírito, entendimento,
vida, coração e muitas outras palavras em muitos textos se misturam em um
sentido harmônico e proporcional (Mt 22.37; Lc 1.46,47; I Ts 5.23; Hb 4.12). É
mais óbvio e natural, entender que tais colocações apenas fortalecem a
afirmação, tornando-a coerente e harmônica.